Variação da capacidade craniana de humanos atuais
A variação da capacidade craniana de humanos atuais é uma informação relevante para o interessado nos debates sobre a evolução humana. É normal ser apresentado ao leitor a capacidade média de cada espécie. Por exemplo, a capacidade média do Homo sapiens é de cerca de 1.350 c.c. Contudo, a variação é outra informação importante, uma vez que, se temos uma variação grande, então outras espécies do gênero Homo aparecem incluídas dentro da variação do Homo sapiens.
Faixa de variação
As afirmações quanto a variação da capacidade craniana em humanos modernos apresenta variação, mas em geral, se observa que essa variação é muito grande. Conforme Ralph Holloway "A faixa de variação da capacidade craniana para o Homo sapiens moderno é de cerca de 1.000 c.c., sem correlação entre capacidade e comportamento facilmente demonstrável."[1] Shara E. Bailey está de acordo com essa variação ao observar que "em média, a capacidade craniana do Homo erectus era de cerca de 900 c.c., embora sua faixa de variação (750 c.c.–1.250 c.c.) se sobreponha à dos humanos modernos (1.000 c.c.–2.000 c.c.)", ou seja, a mesma variação de 1.000 c.c.[2] Greg Beasley reporta uma variação ainda maior (de no mínimo 1.200 c.c.), com a capacidade variando de 800 a até 2.000 c.c.[3] O Dr. David Menton esclarece que "o tamanho do cérebro humano adulto normal varia em quase três vezes"[4]. Beasley cita diversas faixas propostas em seu artigo que foram incluídas no quadro abaixo.
Autor | Faixa mínima | Faixa máxima | Referência |
---|---|---|---|
Donald Johanson | 1.000 c.c. | 1.800 c.c. | Johanson, D. C., and Edey, M. A., 1981. LUCY: The Beginnings of Human kind , Granada Publishing (Paladin edition), London. p. 107 |
Richard Leakey | 1.000 c.c. | 2.000 c.c. | Leakey, R. E. F., 1981. The Making of Mankind, Michael Joseph Ltd, London, p. 131. |
Lawrence S. Dillon | 900 c.c. | 2.300 c.c. | Dillon, L. S., 1978. Evolution: Concepts and Consequences, C. V. Mosby Company, 2nd Edition, St Louis, p. 405. |
Ralph L. Holloway et al. | 900 gramas | 2.000 gramas[nota 1] | Ralph L. Holloway, Douglas C. Broadfield, Michael S. Yuan, Jeffrey H. Schwartz, Ian Tattersall - The Human Fossil Record; Brain Endocasts; The Paleoneurological Evidence, Volume 3-Wiley-Liss, 2004 |
Shara E. Bailey | 1.000 c.c. | 2.000 c.c. | Encyclopedia of Anthropology[2] |
Casey Luskin | 700 c.c. | 2.200 c.c. | Human Origins and Intelligent Design (Less Technical)[5] |
Christopher Rupe e John Sanford | 800 c.c. | 2.220 c.c. | Contested Bones[6] |
Capacidades cranianas maiores que 2.000 c.c.
Capacidades cranianas que estão fora do alcance provisório de Dillon foram documentadas em revistas científicas. Conforme Greg Beasley só houve três determinações registradas superiores a 2.000 c.c. - sendo estas o romancista russo Turgenev (2.021 c.c.), um senador dos Estados Unidos e uma pessoa de QI baixo - sendo os dois últimos de igual capacidade (2.800 cc).[7][8] Stephen Molnar cita dois exemplos de homens famosos que tiveram seus cérebros pesados e medidos com capacidade craniana de aproximadamente 2.200 c.c.: Oliver Cromwell e Lord Byron[9][nota 2].
Menores capacidades
Na extremidade inferior da gama de Dillon estão os pigmeus Wedda do Sri Lanka. No entanto, há uma exemplo de uma aborígene australiana adulta com 830 c.c. Em nenhum desses casos essas pessoas são descritas de alguma forma como sendo intelecto incompetente ou subnormal. Mais recentemente, várias autoridades sugeriram valores mais baixos para um "rubicão cerebral" (Vallois, 800 c.c.; Robinson, 750 c.c. e Weidenreich, 700 c.c.).[10][nota 3] Javier deFelipe citando B. G. Wilder apresenta um exemplo de pessoa normal com cérebro muito pequeno, como o caso de Daniel Lyons que morreu em 1907 aos 41 anos. Daniel era uma pessoa sem características especiais, com peso corporal normal e inteligência normal, embora seu cérebro não pesasse mais de 680 g.[11] De acordo com Rupe e Sanford, Daniel Lyon tinha uma capacidade craniana de 624 cm3, calculando a partir das 680 gramas, e trabalhou no terminal ferroviário da Pensilvânia por 20 anos, sendo apto a ler e escrever sem mostrar nenhum sinal de deficiência mental.[12][13] Ainda conforme Rupe e Sanford, Anatole France foi o vencedor do prêmio Nobel de literatura e sua capacidade craniana era de 933 cm3[nota 4] - o mesmo tamanho de muitos espécimes de Homo erectus, como o do homem de Java e o do garoto de Turkana.[6][13]
Capacidades cranianas grandes em humanos antigos
Dois crânios considerados como sendo do início do Pleistoceno Superior de Lingjing, Xuchang, China, apresentam características primitivas do Homo erectus pekinensis, ou homem de Pequim, incluindo cúpula neurocraneal baixa, neurocranio mastóide liso e curto com inclinação para dentro ao mesmo tempo compartilhando características atribuídas ao homem de Neandertal como morfologia occipital (tórus suprainíaco e nucal) e temporal labiríntica (canal semicircular). O volume endocraniano (ECV) de Xuchang 1, ~1800 cm3, está no extremo superior da variação humana moderna e neandertal.[14]
Ligações externas
- Human Origins and Intelligent Design (Less Technical) por Casey Luskin
- Read Your References Carefully: Paul McBride’s Prized Citation on Skull-Sizes Supports My Thesis, Not His por Casey Luskin
Videos
- The Unique Origins of Humanity in the Fossil Record - Casey Luskin, PhD .
- Exposing the Absurd LACK of Scientific Evidence for Evolution
Notas
- ↑ O peso em gramas normalmente é maior que o tamanho em c.c. Por exemplo, nos homens o peso médio é de cerca de 1370 g e nas mulheres cerca de 1200 g (Harrison, Paul J.; Freemantle, Nick; Geddes, John R. (November 2003). "Meta-analysis of brain weight in schizophrenia". Schizophrenia Research. 64 (1): 25–34.) mas o volume médio é cerca de 1260 cm3 em homens e 1130 cm3 em mulheres.(Cosgrove, Kelly P.; Mazure, Carolyn M.; Staley, Julie K. (October 2007). "Evolving Knowledge of Sex Differences in Brain Structure, Function, and Chemistry". Biological Psychiatry. 62 (8): 847–855.)
- ↑ Javier deFelipe detalha mais os pesos destes dois famosos afirmando: "Por exemplo, o poeta inglês Lord Byron (1788-1824) parece ter um grande cérebro, não só pela qualidade testemunhada pelos seus escritos, mas também pelo seu enorme cérebro, pesando 2.238 kg. Oliver Cromwell (1599-1658), protetor da República da Inglaterra, também tinha um cérebro que pesava entre 2.233 e 2.330 kg, enquanto o escritor francês Anatole France (1844-1924), ganhador do Prêmio Nobel de literatura em 1921, tinha um cérebro que pesava apenas 1.100 kg." em DeFelipe, Javier. (maio de 2011). "[https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21647212 The evolution of the brain, the human nature of cortical circuits, and intellectual creativity]". Frontiers in Neuroanatomy 5 (29). DOI:10.3389/fnana.2011.00029. Página visitada em 24 de agosto de 2022.
- ↑ Um "rubicão cerebral" em paleontologia é a capacidade craniana mínima necessária para que um espécime seja classificado como uma determinada paleoespécie ou gênero.
- ↑ Conforme Stephen Jay Gould, em seu livro "The Mismeasure of Man" (1981), o peso do cérebro de Anatole era de 1017 gramas, (933 cm3, assumindo uma gravidade específica de 1,09 para o cérebro fresco)
Referências
- ↑ Holloway Jr., Ralph L.. (fevereiro de 1966). "Cranial Capacity, Neural Reorganization, and Hominid Evolution: A Search for More Suitable Parameters". American Anthropologist 68 (1) pp. 103-121. Wiley.
- ↑ 2,0 2,1 Bailey, Shara E.. In: Birx, H. James. Encyclopedia of Anthropology. Thousand Oaks: Sage Publications, 2006. Capítulo: Homo Erectus, ISBN 0-7619-3029-9
- ↑ Beasley, Greg. (1990). "Pre-Flood Giantism:A Key to the Interpretation of Fossil Hominids and Hominoids". EN Tech. J. 4 pp. 5 -55.
- ↑ David Menton (25 de fevereiro de 2010). Did Humans Really Evolve from Apelike Creatures?. Página visitada em 15 de agosto de 2022.
- ↑ Luskin, Casey. Human Origins and Intelligent Design (Less Technical). idea center. Página visitada em 17 de agosto de 2022.
- ↑ 6,0 6,1 Rupe, Christopher; Sanford, Dr. John. Contested Bones. Canandaigua, NY: Feed My Sheep Foundation - FMS Publications, 2017. ISBN 9780981631677
- ↑ Custance, A. C.. Evolution or Creation? (Volume IV of the Doorway Papers). Grand Rapids, Michigan: Zondervan Publishing House, 1976. p. 224.
- ↑ Malcolm Bowden. Ape-Man: Fact or Fallacy?. Bromley, Kent: Sovereign Publications, 1977. p. 47.
- ↑ Molnar, Stephen. Races, Types, & Ethnic Groups. Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice-Hall, 1975. ISBN 0-13-750240-0
- ↑ Tobias, P. V.. (1964). "The Olduvai Bed I hominine with special reference to its cranial capacity". Nature 202 pp. 3–4.
- ↑ DeFelipe, Javier. (maio de 2011). "The evolution of the brain, the human nature of cortical circuits, and intellectual creativity". Frontiers in Neuroanatomy 5 (29). DOI:10.3389/fnana.2011.00029. Página visitada em 24 de agosto de 2022.
- ↑ Anderson, Daniel (2007). Turkana Boy—getting past the propaganda. Página visitada em 9 de novembro de 2022.
- ↑ 13,0 13,1 Skoyles, Dr. John R.. (1999). "Human evolution expanded brains to increase expertise capacity, not IQ". Psycoloquy 10 (002). ISSN 1055-0143.
- ↑ Zhan-Yang Li; Xiu-Jie Wu; Li-Ping Zhou; Wu Liu; Xing Gao; Xiao-Mei Nian; Trinkaus, Erik. (3 de março de 2017). "[https://www.science.org/doi/10.1126/science.aal2482 Late Pleistocene archaic human crania from Xuchang, China]". Science (355) pp. 969–972.
|