Cosmologia criacionista

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Hubble Ultra Deep Field ("Campo Super Profundo do Hubble")

A Cosmologia é um ramo da Astronomia que lida com a origem, estrutura e relações espaço-tempo do universo em larga escala, ou do universo como um todo. A palavra cosmologia (grego: κοσμολογία, cosmología) é derivada de duas palavras gregas: κόσμος, cosmos, que significa "universo" ou "ordem", e λογία, logia, que significa "discurso", "estudo", da mesma raiz de λόγος, logos, "palavra". A idade do universo comumente aceita está muito além do que um cientista criacionista típico aceitaria. Em resposta, muitas cosmologias criacionistas de universo jovem foram propostas.

Cosmologias posicionais

Geocêntrica

A geocentricidade é a convicção de que a Terra localiza-se no centro do universo. Os criacionistas bíblicos em geral veem a criação do cosmos como um evento centrado na Terra e o espaço criado além do nosso mundo simplesmente para "proclamar a glória de Deus" (Salmo 19:1 ). Portanto, assume-se largamente que a Terra está no centro relativo do cosmos. No entanto, os criacionistas em geral não defendem a noção de que a Terra está no centro literal do universo, em grande parte porque as correções matemáticas que a geocentricidade exige (epiciclos, excêntricos e equantes) tornam a geocentricidade muito complexa para ser justificada.

Galactocêntrica

A galactocentricidade é a proposição de que a galáxia que vivemos está no centro do universo. Um número de observações sugerem um universo galactocêntrico, entre elas:

  1. A maioria das galáxias além da nossa têm um redshift (desvio para o vermelho) em seus espectros.
  2. O grau de desvio para o vermelho varia diretamente com a distância do objeto em relação à nossa galáxia (Lei de Hubble).
  3. O desvio para o vermelho quantizado, ou a organização de objetos extragalácticos em faixas distintas, é a observação singular mais forte que sugere a galactocentricidade.[1] Porém, alguns criacionistas são mais cautelosos com essa interpretação, pois a periodicidade de redshift observada pode ser um efeito de seleção.[2][3]

Ajuste fino cósmico

O cosmos parece ter sido ajustado de tal forma que fosse possível a existência de vida complexa. Foram identificados muitos parâmetros que são necessários para a vida existir, e que se alterados mesmo levemente, isso faria a existência da vida impossível. Quando as probabilidades desses parâmetros se formarem por puro acaso são multiplicadas, torna-se claro que o universo e a Terra foram formados muito especificamente com um propósito em mente: hospedar vida complexa. Tal ajuste fino do cosmos é um argumento poderoso para o design inteligente.[4]

Exemplos de ajuste incluem a posição perfeita da Terra no sistema solar, como também a posição do sistema solar na galáxia, ou o tamanho e a distância perfeitos da lua da Terra. E porque não há vida alguma observada em qualquer outro lugar no universo, tal perfeição demanda inteligência. Outros exemplos de ajuste fino incluem:[4]

  1. Se a explosão inicial do big bang diferisse em força em apenas uma parte em 1060, ou o universo teria colapsado rapidamente de volta sobre si mesmo, ou expandido rápido demais para estrelas se formarem. Em ambos os casos, a vida seria impossível. [Ver Davies, 1982, pp. 90-91. (Como John Jefferson Davis aponta (p. 140), uma precisão de uma parte em 1060 pode ser comparada a disparar uma bala num alvo de uma polegada no outro lado do universo observável, a vinte bilhões de anos luz de distância, e acertar o alvo.)
  2. Cálculos indicam que se a força nuclear forte, a força que une prótons e nêutrons em um átomo, fosse apenas 5% mais forte ou mais fraca, a vida seria impossível. (Leslie, 1989, pp. 4, 35; Barrow e Tipler, p. 322.)
  3. Cálculos feitos por Brandon Carter mostram que se a gravidade fosse mais forte ou mais fraca em uma parte em 10 a 40ª potência, então estrelas que sustentam vida como o sol não poderiam existir. Isso provavelmente tornaria a vida impossível. (Davies, 1984, p. 242.)
  4. Se os nêutrons não tivessem cerca de 1,001 vezes a massa do próton, todos os prótons teriam decaído em nêutrons ou todos os nêutrons teriam decaído em prótons, e portanto a vida não seria possível. (Leslie, 1989, pp. 39-40)
  5. Se a força eletromagnética fosse levemente mais forte ou mais fraca, a vida seria impossível, por uma variedade de razões diferentes. (Leslie, 1988, p. 299.)

Ateus e evolucionistas argumentam que este argumento não é válido, devido ao fato de que o universo está meramente indo na direção certa "aleatoriamente", e de que a vida poderia ter surgido sob condições diferentes. Porém, há vários problemas com essa objeção. O primeiro é que não há vida alguma encontrada em qualquer outro lugar no cosmos, nem mesmo em Marte, cujas condições são mais próximas das condições da Terra. Para argumentar que as condições da Terra não são as únicas necessárias para a vida, os evolucionistas devem mostrar como haver vida em um ambiente totalmente diferente do nosso, o que é absolutamente impossível. Segundo, os evolucionistas não podem nem mesmo mostrar que a vida se originou sob as condições da terra, quanto mais em algum ambiente diferente. Dito isso, o argumento do "universo bem ajustado" permanece como um argumento para a existência de inteligência externa.

Idade do Cosmos

A idade do universo estimada atualmente está muito além do que um cientista criacionista típico aceitaria. Em resposta, muitas cosmologias criacionistas de universo jovem foram propostas para discutir a questão da idade.

Decaimento de c

O decaimento de c propõe uma mudança contínua na velocidade da luz, que explicaria a travessia da luz das estrelas distantes e a idade da terra devido à datação radiométrica, e também indicaria que o efeito doppler, o método comum de datação de objetos distantes, não é causado por um redshift cinemático ou relativístico. Porém, John Hartnett aponta que o decaimento de c preveria que as estrelas iriam "desaparecer" do nosso céu e então "reaparecer", algo que nem a Bíblia e nem qualquer outro registro histórico testifica. Há muitos problemas com a ideia de que a velocidade da luz mudou e, por isso, tal ideia não é geralmente defendida pelos físicos e astrônomos criacionistas atualmente.

Cosmologia do Buraco Branco

Artigo Principal: Cosmologia do buraco branco

Um buraco branco perto da terra no início do universo foi proposto para explicar a existência de luz estelar distante em um universo jovem. Isso causaria, devido a considerações relativísticas, uma mudança no tempo aparente. Enquanto essa configuração é aceitável para os que assumem um paradigma criacionista, ela pode ser atacada em razões antropocêntricas pela ciência secular. Russell Humphreys, o autor dessa cosmologia, foi criticado por aqueles contrariados pelo seu modelo. Um repositório de críticas e suas respostas pode ser encontrado aqui.

Relatividade cosmológica

Artigo Principal: Relatividade cosmológica

O Dr. John Hartnett desenvolveu uma cosmologia criacionista de Terra jovem baseada na teoria da relatividade cosmológica do Dr. Moshe Carmeli. Assim como a cosmologia do buraco branco de Russell Humphreys, ela usa dilatação do tempo em um universo limitado. Mas essa dilatação resulta de uma expansão rápida do espaço, e não da gravidade de um buraco branco.

A cosmologia de Hartnett explica facilmente a estrutura em larga escala do universo sem matéria escura ou energia escura. Além disso, ela explica facilmente como a luz estelar de objetos muito distantes pôde alcançar a terra em um universo jovem.

No entanto, atualmente John Hartnett abandonou essa cosmologia devido a algumas inconsistências e agora prefere o modelo da convenção de sincronia anisotrópica como a melhor resolução para o problema do tempo de propagação da luz das estrelas distantes.[5]

Acronicidade

Em 2008, o Dr. Russell Humphreys publicou uma nova métrica para sua cosmologia, com um tipo de dilatação relativística do tempo chamada de acronicidade (em inglês, achronicity). De acordo com este modelo, o tempo teria parado completamente próximo da terra, em determinado momento do quarto dia da criação, enquanto bilhões de anos se passaram no espaço distante, quando as estrelas foram criadas.[6][7] Assim, os bilhões de anos de processos físicos que se passaram no espaço distante permitiram que a luz atravessasse o universo e alcançasse a terra rapidamente para o tempo na terra. Para um observador na terra no quarto dia da criação, o céu não teria qualquer estrela em determinado instante, e apareceria com a visão das estrelas logo no instante seguinte.

Convenção de sincronia anisotrópica

A convenção pela qual se mede uma grandeza é uma função da seleção humana, como por exemplo se usamos o sistema métrico ou o inglês. Nenhuma dessas convenções é errada ou imprecisa, mas são simplesmente maneiras diferentes de se medir. Convenções de sincronia lidam com a simultaneidade da luz e do tempo. A convenção de Einstein sugere que a velocidade da luz é a mesma em diferentes direções. A velocidade da luz em uma direção, porém, nunca foi medida, sendo na realidade uma convenção.[8] Ao invés disso, o que se mede é a velocidade da luz em duas direções, quando é emitida e depois refletida. A convenção de sincronia anisotrópica presume que a velocidade da luz é diferente em diferentes direções, ou quando a luz é emitida e refletida. Jason Lisle propôs a convenção de sincronia anisotrópica como uma solução para o problema da propagação da luz das estrelas distantes em um universo jovem. No modelo de Lisle, a velocidade da luz é infinita quando emitida por uma fonte e c/2 quando refletida, de modo que a luz não leva qualquer tempo para alcançar a terra, quando emitida das fontes mais distantes.[9][10] Nesse modelo, a luz das estrelas alcança a terra instantaneamente e portanto estamos vendo o universo como ele é no presente. Isso é muito consistente com as galáxias massivas, plenamente formadas e com elementos pesados a grandes distâncias no universo, observadas pelo Telescópio Espacial James Webb.[11]

Referências

  1. D. Russell Humphreys, Our galaxy is the centre of the universe, ‘quantized’ redshifts show, Journal of Creation 16(2):95–104, agosto de 2002.
  2. Jason Lisle, New Method to Assess the Luminosity Function of Galaxies, Answers Research Journal 9 (2016): 67–80, 30 de março de 2016.
  3. Jake Hebert e Jason Lisle, A Review of the Lynden-Bell/Choloniewski Method for Obtaining Galaxy Luminosity Functions, Part I, Creation Research Society Quarterly 52(3):177-188, 2016.
  4. 4,0 4,1 Robin Collin, The Fine-Tuning Design Argument: A Scientific Argument for the Existence of God. Discovery Institute: Center for Science and Culture, 1 de setembro de 1998.
  5. John Hartnett, My current thinking on distant starlight, Bible Science Forum, publicado em 19 de abril de 2019.
  6. Larry Vardiman e D. Russell Humphreys. A New Creationist Cosmology: In No Time at All Part 1. Acts & Facts 39(11):12-15. Institute for Creation Research.
  7. D. Russell Humphreys, New time dilation helps creation cosmology. Journal of Creation 22(3):84–92, dezembro de 2008.
  8. One-way speed of light
  9. Jason Lisle, Anisotropic Synchrony Convention—A Solution to the Distant Starlight Problem, Answers Research Journal 3 (2010): 191–207, 22 de setembro de 2010.
  10. Jason Lisle, Distant Starlight—The Anisotropic Synchrony Convention, Answers Magazine, 1 de janeiro de 2010.
  11. Jason Lisle, Creation Cosmology Confirmed! Biblical Science Institute, publicado em 9 de setembro de 2022.